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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Senta que lá vem história...


Coisa mais divertida aqui no Rio é parar perto de estranhos. Sério, não há uma fila, um passeio, um almoço em praça de alimentação, uma viagem de trem ou uma ida à delegacia resolver carro roubado que não renda uma longa e unilateral conversa.

Eu não sei se é essa minha cara de pessoa legal e confiável ou se todo mundo aqui é assim, só sei que não importa aonde eu vá, sempre vai ter alguém pra sentar perto de mim e me contar a história da sua vida sem pressa.

Eu, que sou mais de ouvir que de falar, capricho nos meus "uhum", "claro", "sei", "nossa, é mesmo?" e pronto, a conversa rende que é uma beleza, toda trabalhada no monologuismo. Se marido estiver por perto fica mais interessante porque basta eu me distrair um segundo que, quando volto, já estão amigos de infância, discutindo política e profissões.

No começo eu achava bem esquisito, porque não é do meu feitio dar detalhes de minha vida pra estranhos, mas o Rio faz a fama do Brasil ter um povo hospitaleiro e simpático e mesmo nunca tendo levado adiante essas amizades instantâneas e temporárias, hoje eu acho até graça dessa "falta de limites". Entre isso e uma cara fechada de mau-humor, prefiro as confissões.


p.s.: imagem achada no Google, gentchi.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Puxando ferro


Hoje faz uma semana que entrei na academia nova. Quer dizer, nova pra mim, que antes estava frequentando a academia PARA mulheres. Sim, agora eu frequento as duas. Valeska Popozuda, se cuida que eu tô chegando!


Mas então... depois de tanto tempo indo só praquelas aulinhas de 30 minutos, numa sala sem espelhos cheia de mulheres e com aparelhos dispostos em forma de um grande círculo, o que dá a chance de todo mundo interagir enquanto tonifica os glúteos, eu tinha esquecido como é o clima numa academia "normal". Primeiro que ninguém conversa sobre qualquer coisa que não seja relacionada à malhação. Ninguém fala de festas ou de filmes, de relacionamentos, de escola... Não, pode reparar, as conversas só giram em torno de "cara, eu comia muito catchup antes, mas aí vi que tem muito sódio e parei. Sódio incha, né?" e "Putz, gripei semana passada e perdi o condicionamento... agora em vez de 200 eu só consigo puxar 199 kg". E os espelhos? É muito narciso num lugar só, gente! Nessa que eu tô frequentando tem um dojo bem no meio do salão que ocupa metade do espaço da academia e tem sempre uma turma treinando judô lá. Eles gritam, se jogam no chão, dão rasteiras um no outro e batem as mãos no tatame com estardalhaço, mas você pensa que tem alguém assistindo isso? Não, todos estão hipnotizados com os próprios bíceps inchados refletidos no espelho mais próximo.


Falando em tipos de academia, tem as marias-supinos, claro. Ela é bonitinha e sabe que os homens olham pra ela, usa short bem curto e faz questão de falar com todos os marombados que chegam. Trata todos com apelidos carinhosos e responde com voz de bebê magoado quando um deles pergunta se ela malha também ou se só faz falar. Nessa hora ela faz meia série de 2 e diz que já está tarde e vai pra casa.


Tem também aquele tipo carente, que vai pra academia fazer amizade. É meio coroa já, faz coordenações duvidosas com as roupas e tenta puxar assunto enquanto você finge que empurrar barrinhas de ferro com as pernas é normal. Você perde a conta e acaba fazendo mais do que aguenta, suas pernas tremem, você olha pra ela com cara de bufa e o que ela faz? Comenta que "você é séria, né? É tímida?". Ela também aproveita pra compartilhar a teoria de que o teu marido está frequentando a academia pra te vigiar. Com muita simpatia (not) você diz que não é isso. Ela conclui, então, que quem está vigiando é você. Pessoas paranóicas - trabalhamos.


E por fim, mas não menos importantes, tem os deslocados. Aqueles que só queriam emagrecer um pouquinho e de bônus chegar menos entrevados aos trinta sessenta, mas que sofrem puxando metade do peso indicado na fichinha e tentando adivinhar o que exatamente é um leg press horizontal e uma rosca bíceps no cross, uma vez que o instrutor decidiu que uma semana é o bastante pra aprender a chamar os aparelhos até pelo apelido e olha torto quando é perguntado pela enésima vez "o que é mesmo um voador frontal?".


Agora adivinha de que grupo em faço parte.



P.s.: fonte da imagem desconhecida, quem souber favor avisar.