Páginas

Mostrando postagens com marcador saudades. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador saudades. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 3 de junho de 2011

26 mas com carinha de 25

Se tem uma coisa que me deixa mesmo feliz é fazer aniversário. Eu a-do-ro fazer aniversário! Tanto que nem ligo de ficar mais velha e reparar que de ontem pra hoje apareceu uma ruga de expressão no meu rosto e por isso eu nunca mais vou soltar beijos no ar porque eu não quero ter que tomar injeções de colágeno antes dos 30.

O que eu gosto mesmo é do ritual, da passagem de um ciclo para outro e de fazer esse exercício mental de ignorar os outros 364 dias do ano e imaginar que todos os trintaeuns de maio da minha vida aconteceram um atrás do outro... Imagina só: num dia você é estudante, mora com sua irmã em uma determinada cidade, seus pais vem lhe visitar a cada 15 dias, seu namorado está trabalhando lá longe, toda semana uma faxineira vem limpar a sua casa e para comemorar os 25 anos você resolve fazer uma graça com a suposta idade avançada e, em vez de barzinho ou coisa mais jovem, você vai para uma casa de chá.

Você dorme e quando acorda agora você é uma mulher casada que arruma a própria casa e recebe o marido quase sempre com o jantar já pronto, deixou de preencher "estudante" no campo profissão de formulários diversos e agora é arquiteta, mora há 1.923km do lugar onde morava antes e para comemorar os 26 anos você resolve fazer um jantar em casa mesmo, com seu marido e seus pais, em sua primeira vez como hóspedes na sua casa.

Não é estranho isso? Um dia desses você jogava Imagem&Ação e agora você tem hóspedes, que por acaso são seus pais.

Cara, quando *seus pais* viram seus hóspedes é porque o ciclo mudou MESMO.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Cantando pra dentro

Tem gente que é mais olfato e associa certos cheiros a determinadas situações ou pessoas. Eu não, eu sou da audição. Felizmente e infelizmente, eu tenho uma memória muito boa e basta uma palavra para eu ser imediatamente atacada por lembranças - às vezes boas, às vezes ruins - relacionadas a ela.

Com uma música apenas, eu posso reviver com precisão algum momento passado e com os sons vem a roupa que eu usava no dia, as conversas que eu tive, as pessoas que eu encontrei, os lugares aonde eu fui... às vezes acontece de algum som remeter até a algum pensamento que eu tive e aí eu consigo lembrar, sem esforço, que naquele dia no ônibus, a caminho da casa de uma amiga, escutando REM no mp3, eu fazia uma retrospectiva de toda a ansiedade, nervosismo e inquietação pelos quais eu estava passando até então e que aumentavam à medida que o quadro pintado há anos começava a se tornar mais nítido: passagens compradas, convites enviados, vestido e anel de pedra azul sendo retirados quase todos os dias das suas embalagens para serem olhados só mais uma vez...

Outro dia, já faz um tempo, eu acordei ouvindo uma música que nem faz o meu estilo e junto com ela, vinha um burburinho de gente que passava e um silêncio de rua sem carro. Antes de abrir os olhos, eu me vi de novo acordando na minha cama branco gelo pintada por mim, embaixo das prateleiras azuis e olhando para a janela enquanto refletia se valia a pena gritar para o vizinho abaixar o som do carro. Nunca gritei e ele nunca abaixou, ainda bem. Às vezes o dia aqui acorda igual a como costumava acordar lá e eu fico assim, inundada de lembranças.