Se eu colocar no papel, sai de dentro de mim? Vai embora? Some para sempre?
Se eu colocar no papel se torna real ou se mostra ridículo?
Se eu colocar no papel posso fingir ser a autora de uma personagem doente, que se sente insegura, mesmo quando todas as cordas seguem firmes a sustentá-la, ou me revelo a própria personagem assustada, guiada por mãos invisíveis a empurrá-la para os caminhos mais escuros?
Se eu colocar no papel, posso apagar quando me convir ou terei para sempre o registro da minha fraqueza?
Se eu colocar no papel, posso escrever uma versão diferente? Um novo final? Um novo começo?
Se eu colocar no papel, as respostas virão em vez de tantas perguntas?
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quarta-feira, 30 de julho de 2014
sexta-feira, 3 de junho de 2011
26 mas com carinha de 25
Se tem uma coisa que me deixa mesmo feliz é fazer aniversário. Eu a-do-ro fazer aniversário! Tanto que nem ligo de ficar mais velha e reparar que de ontem pra hoje apareceu uma ruga de expressão no meu rosto e por isso eu nunca mais vou soltar beijos no ar porque eu não quero ter que tomar injeções de colágeno antes dos 30.
O que eu gosto mesmo é do ritual, da passagem de um ciclo para outro e de fazer esse exercício mental de ignorar os outros 364 dias do ano e imaginar que todos os trintaeuns de maio da minha vida aconteceram um atrás do outro... Imagina só: num dia você é estudante, mora com sua irmã em uma determinada cidade, seus pais vem lhe visitar a cada 15 dias, seu namorado está trabalhando lá longe, toda semana uma faxineira vem limpar a sua casa e para comemorar os 25 anos você resolve fazer uma graça com a suposta idade avançada e, em vez de barzinho ou coisa mais jovem, você vai para uma casa de chá.
Você dorme e quando acorda agora você é uma mulher casada que arruma a própria casa e recebe o maridoquase sempre com o jantar já pronto, deixou de preencher "estudante" no campo profissão de formulários diversos e agora é arquiteta, mora há 1.923km do lugar onde morava antes e para comemorar os 26 anos você resolve fazer um jantar em casa mesmo, com seu marido e seus pais, em sua primeira vez como hóspedes na sua casa.
Não é estranho isso? Um dia desses você jogava Imagem&Ação e agora você tem hóspedes, que por acaso são seus pais.
Cara, quando *seus pais* viram seus hóspedes é porque o ciclo mudou MESMO.
O que eu gosto mesmo é do ritual, da passagem de um ciclo para outro e de fazer esse exercício mental de ignorar os outros 364 dias do ano e imaginar que todos os trintaeuns de maio da minha vida aconteceram um atrás do outro... Imagina só: num dia você é estudante, mora com sua irmã em uma determinada cidade, seus pais vem lhe visitar a cada 15 dias, seu namorado está trabalhando lá longe, toda semana uma faxineira vem limpar a sua casa e para comemorar os 25 anos você resolve fazer uma graça com a suposta idade avançada e, em vez de barzinho ou coisa mais jovem, você vai para uma casa de chá.
Você dorme e quando acorda agora você é uma mulher casada que arruma a própria casa e recebe o marido
Não é estranho isso? Um dia desses você jogava Imagem&Ação e agora você tem hóspedes, que por acaso são seus pais.
Cara, quando *seus pais* viram seus hóspedes é porque o ciclo mudou MESMO.
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terça-feira, 22 de março de 2011
Becky Bloom strikes again
Moda é um negócio bizarro mesmo. Há uns dez anos, mais ou menos, tinha essa moda de saia plissada na altura do joelho, que a Capricho (sim, eu lia, beijos) chamava carinhosamente de "de vó" (hoje se chama midi) e que eu achava o máximo mas nunca tive porque 1) era "de vó" e eu só tinha 15 anos e na "minha época" as meninas ainda aparentavam a idade que tinham e se vestiam de acordo, 2) todo mundo achava feia, 3) não existiam milhares de blogs de moda e as lojas da minha cidade não eram tão antenadas como hoje, então eu nunca vi em lugar nenhum pra vender, 4) eu era ultra tímida e mesmo que encontrasse, nunca usaria por vergonha de me acharem "diferentinha".
Um dia teve um evento na escola e essa coleguinha minha que era meio outsider apareceu vestindo uma preta, bem linda, que não era da vó mas de uma tia dela e as outras coleguinhas gongaram mas eu achei charmosíssima e guardei a referência para que, num futuro talvez não tão próximo, quando eu fosse menos tabarôa e a moda voltasse, eu pudesse usar.
Aí a moda aconteceu como costuma acontecer e, depois de uma fase usando saias de cintura alta e/ou marcada porque não se encontravam outros modelos, e sendo constantemente alvo de piadas do marido por causa disso (que não poupou nem a minha irmã e perguntou se ela não ia abaixar um pouco a saia porque segundo ele esse modelo de cintura alta é horroroso e deixa a gente "assim" *encolhe os ombros e esconde o pescoço*), eu passei na Renner e vi a minha saia dos sonhos.
Eu já estava na fila do caixa, com uma outra saia nas mãos. Impaciente com a demora, bufei e passei os olhos pelas araras mais próximas. Sabe quando você vira a cabeça rápido, acha que viu algo interessante e volta pra ver direito? Foi assim. Só tinha ela, numa arara que provavelmente nem era a sua original, como que deixada ali por alguém que desistiu de levar. Fiquei paquerando de longe, mas na dúvida se pegava pra ver ou não. Preguiça de sair da fila, ir no provador, enfrentar a fila toda de novo... Marido insistiu: "é de cintura baixa?" "É." "Pega lá, mede com essa que você já está na mão e se for do mesmo tamanho leva". Prático e objetivo, né? Ele quer mesmo que eu deixe de usar as de cintura alta...
Peguei, medi, levei. Não resisti, fui no banheiro provar, gostei e já saí usando, toda boba de tê-la achado depois de tantos anos... Fiquei me olhando em todas as colunas espelhadas que tem pelo shopping, achando incrível que justamente naquele dia eu vestia a blusa e a bota que eu tenho que mais combinariam com ela.
Matuta, eu?
A dita cuja:
Favor ignorar a blusa de oncinha atrás dela. Essa foto não é minha, é do Google mas não sei de quem é o crédito. E na vida real ela tem um tom mais esverdeado.
O look completo:
Na montagem a cor está diferente porque não achei igual e é claro que a minha bolsa não é Chanel. Sim, estava fazendo friozinho e qualquer brisa pra mim já é desculpa pra usar bota. Mesmo no Rio de Janeiro. Mesmo que ainda não seja inverno. Ah, me deixa.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Cantando pra dentro
Tem gente que é mais olfato e associa certos cheiros a determinadas situações ou pessoas. Eu não, eu sou da audição. Felizmente e infelizmente, eu tenho uma memória muito boa e basta uma palavra para eu ser imediatamente atacada por lembranças - às vezes boas, às vezes ruins - relacionadas a ela.
Com uma música apenas, eu posso reviver com precisão algum momento passado e com os sons vem a roupa que eu usava no dia, as conversas que eu tive, as pessoas que eu encontrei, os lugares aonde eu fui... às vezes acontece de algum som remeter até a algum pensamento que eu tive e aí eu consigo lembrar, sem esforço, que naquele dia no ônibus, a caminho da casa de uma amiga, escutando REM no mp3, eu fazia uma retrospectiva de toda a ansiedade, nervosismo e inquietação pelos quais eu estava passando até então e que aumentavam à medida que o quadro pintado há anos começava a se tornar mais nítido: passagens compradas, convites enviados, vestido e anel de pedra azul sendo retirados quase todos os dias das suas embalagens para serem olhados só mais uma vez...
Outro dia, já faz um tempo, eu acordei ouvindo uma música que nem faz o meu estilo e junto com ela, vinha um burburinho de gente que passava e um silêncio de rua sem carro. Antes de abrir os olhos, eu me vi de novo acordando na minha cama branco gelo pintada por mim, embaixo das prateleiras azuis e olhando para a janela enquanto refletia se valia a pena gritar para o vizinho abaixar o som do carro. Nunca gritei e ele nunca abaixou, ainda bem. Às vezes o dia aqui acorda igual a como costumava acordar lá e eu fico assim, inundada de lembranças.
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